Vice-prefeito recorre à ONU para ajudar refugiados em Mogi

9 de agosto de 2017

Chefe do Escritório da Agência da ONU para Refugiados reúne-se com Juliano Abe, que pede amparo para garantir subsistência de sírios, egípcios e palestinos na Cidade

Vice-prefeito recebe representante da ONU para tratar do crescimento de refugiados do Oriente Médio em Mogi das Cruzes

O vice-prefeito Juliano Abe recebeu Isabela Mazão, chefe do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) – conhecido como a Agência da ONU para Refugiados –, com o objetivo de tratar do crescimento de refugiados do Oriente Médio em Mogi das Cruzes. Atualmente, estima-se cerca de 300 pessoas, sendo 70 crianças, que se instalaram no Município atraídas, principalmente,  pela existência da Mesquita Islâmica e pelo histórico solidário da Cidade. Em 2007, vieram 12 famílias de refugiados palestinos.

Um grupo formado por refugiados da Síria, Egito e Palestina participou do encontro, acompanhado pelo ex-vereador Nabil Safiti, que serviu como intérprete, e da presidente da Organização Não-Governamental (ONG) Refúgio Brasil, Faysa Daoud, que presta apoio aos estrangeiros em Mogi das Cruzes. “Fomos procurados por conta da demanda crescente de refugiados em nossa Cidade e fizemos contato com a ONU em busca de informações sobre quais tipos de apoio podemos conseguir”, explicou o vice-prefeito, lembrando que “as pessoas não vivem no governo estadual nem federal, mas sim, nos municípios onde cobram atendimento”.

No início da reunião, que contou com a presença dos secretários municipais de Assistência Social, Neusa Marialva, e de Agricultura, Renato Abdo, o grupo conheceu o perfil dos estrangeiros presentes, entre eles um engenheiro civil, um administrador de empresas com especialização em Hotelaria e Finanças, uma professora de Literatura Inglesa e um professor de Literatura Árabe, além de um comerciante palestino já estabelecido na Cidade.

Os principais problemas enfrentados pelos refugiados são o idioma e a geração de renda. “Agradeço o convite e a possibilidade de conhecer a realidade de quem está vivendo aqui. O Juliano nos deu a oportunidade do diálogo mais próximo com a Prefeitura e com a ONG. Ele está certo quando diz que as pessoas vivem nas cidades e nelas registram suas demandas. É do nosso interesse trabalhar ao lado de Mogi e contribuir tanto quanto possível para beneficiar essas famílias”, garantiu Isabela.

De acordo com a representante da ONU, a Acnur está expandindo suas ações no Brasil, com novos escritórios, como as unidades de Roraima e Amazonas. “A situação dos sírios hoje é diferente da que vivemos em 2007 com os palestinos, porque essas novas famílias estão chegando ao Brasil de forma espontânea e escolhendo Mogi para viverem”, explicou, contando que a agência surgiu há quatro anos.

A Acnur trabalha em cooperação com o governo federal e por meio de parcerias com entidades não-governamentais. “A princípio, não temos uma ONG parceira em Mogi das Cruzes, mas podemos oferecer auxílio por meio de entidades que atuam em São Paulo. Um dos projetos que podemos disponibilizar é a revalidação de diplomas, em função do alto nível educacional e da experiência existente entre os sírios, com assessoria jurídica e apoio para o pagamento das taxas exigidas”.

Segundo Isabela, apesar de demorado, o processo de revalidação de diplomas pode garantir melhores recolocações profissionais aos refugiados. Ela observou que deixar a burocracia impedir o emprego de talento e conhecimento da população do Oriente Médio a serviço do Brasil representa um grande desperdício. “Contamos com a ajuda da agência da ONU para oferecer a essas famílias atendimento adequado,  humanizado e com aproveitamento de talentos, garantindo a elas a cidadania mogiana”, ponderou Juliano, ao rememorar as valiosas contribuições dadas ao desenvolvimento de Mogi por imigrantes de várias nações.

Paralelamente, a Secretaria Municipal de Agricultura analisa a possibilidade de habilitar a ONG Refúgio Brasil à liberação de espaço para o comércio de alimentos típicos em algumas das feiras-livres da Cidade. “A ideia é melhorar o processo de reinserção dessas famílias em nossa Cidade, com todo acompanhamento necessário”, afirmou o vice-prefeito. A Secretaria de Assistência Social deverá preparar o cadastramento do grupo, a fim de manter um banco de dados atualizado.

Isabela informou que há mais de 10 mil refugiados de 80 nacionalidades diferentes no Brasil, além de outros 30 mil pedidos de refúgio em análise. “Temos uma lei progressista para casos de refúgio político e precisamos redobrar esforços para encontrar maneiras de atender a demanda crescente”.

Após o encontro, realizado nesta terça-feira (08/08/17), na sala de reuniões do Gabinete, a representante da ONU foi conhecer a sede da ONG Refúgio Brasil, no Parque São Martinho, e a Mesquita Islâmica de Mogi das Cruzes, no Alto do Ipiranga.