Gaseificação no tratamento e destino do lixo é inédita no País

9 de maio de 2013

Tecnologia existe há 140 anos e foi desenvolvida na Alemanha, onde há empreendimentos deste tipo, assim como no Japão. Itália iniciou procedimento de instalação de um equipamento.

O processo de tratamento térmico de lixo por gaseificação ainda é inédito no País, segundo Saulo Machado de Souza, diretor-técnico da EDRB do Brasil Soluções em Energia e Meio Ambiente. Ele ministrou, na noite de quinta-feira (9), a quarta apresentação do Ciclo de Palestras sobre Tratamento e Destinação Final de Resíduos Sólidos, promovido pela Comissão Especial de Vereadores (CEV) formada para promover estudos e acompanhamento da destinação final dos resíduos sólidos de Mogi e Região, presidida pelo vereador Juliano Abe (PSD).

“É mais uma tecnologia que apresentamos aqui. Reforço que não estamos defendendo a tecnologia A ou B e nem a empresa A ou B e sim apresentando à sociedade civil as alternativas existentes no mercado. Depois da realização de todas as palestras do Ciclo, a CEV vai elaborar um relatório preliminar que será apreciado pela população para que esta também se manifeste a respeito deste assunto que, claro, é de interesse de todos. Por fim, vamos encaminhar este relatório para o Poder Executivo para que seja analisado”, explicou o parlamentar.

Durante a palestra, Souza fez uma rápida explanação da diferença dos processos de gaseificação e incineração, deixando claro que a queima de resíduos sólidos pelo tratamento térmico por gaseificação gera poluição e dejetos próximo de zero. “Toda a energia da queima dos resíduos sólidos é aproveitada porque não há entrada de oxigênio no sistema e a pressão utilizada é bem baixa”, explicou.

Ele informou ainda que este processo, apesar de ser inédito no País, existe há 140 anos, e as plantas mais recentes deste tipo de empreendimento foram instaladas na Alemanha e Japão. Na Itália o processo está bem adiantado. “O gás produzido por este sistema é de alta qualidade. Dos 100% produzidos, 20% servem para realimentar o procedimento cíclico e os 80% restantes são disponibilizados para venda”, detalhou, ressaltando que somente entre 1% e 2% de resíduos da queima sobram e têm que ser encaminhados para outros locais, como um aterro específico, por exemplo.

Souza detalhou que os módulos da planta de usina de gaseificação do lixo tem capacidade para processar de 70 a 90 toneladas por dia. Mas, de acordo com ele, é possível expandir para até 400 toneladas/dia ampliando o número de módulos existentes. “E como o aumento da fábrica é vertical, se utiliza uma área de aproximadamente 3 mil metros quadrados [m²]”, explicou.

O diretor-técnico da EDRB do Brasil Soluções detalhou que esta usina aceita todo o tipo de material, inclusive os recicláveis. No entanto, ele defendeu que o Município onde ela possa vir a atuar desenvolva um trabalho importante de reciclagem. “É importante para o Meio Ambiente este tipo de conscientização à população, alimentando ainda mais uma cadeia importante de todo este processo de coleta, tratamento e destino final dos resíduos sólidos. Mas também colhemos este tipo de material reciclável, principalmente se ele tiver um alto poder calórico e que vai me render muito mais quando processado separadamente”, avaliou.

Os principais materiais processados na usina de tratamento térmico de lixo por gaseificação estão tintas, borras, solventes, lodo de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), resíduos hospitalares, óleos, graxas, couro, lixo residencial úmido, da construção civil, medicamentos vencidos, material de origem animal e embalagens de agrotóxicos, entre outros. “Lógico que não vou descartar um lote de fios. Uma tonelada deste material queimado vai me dar aproximadamente 700 quilos de cobre de alta pureza que vale um bom dinheiro no mercado. O mesmo acontece com casca de arroz e alumínio. São 99% de pureza de cílica, proveniente da queima desta casca de arroz. No caso do alumínio, a pureza chega a proporcionar 900 quilos de produto limpo em uma tonelada”, exemplificou.

Souza frisou que uma usina do porte de processamento de 300 toneladas/dia de resíduos sólidos operando 24 horas necessita de mão de obra de 60 pessoas trabalhando em três turnos. O investimento inicial é de R$ 100 milhões.

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